terça-feira, 29 de novembro de 2011

CARTAS A THEO


Meu caro irmão Theo,é inevitável deixar-lhe de contar um acontecimento que certamente ficará marcado em minha vida até quem sabe,o dia em que eu parar de respirar..
Certa manhã de inverno,peguei meu casaco e saí pelas ruas lindas da cidade a procura de alguma coisa que pudesse inspirar em meus quadros.Mas no fundo queria encontrar de alguma forma algo inovador,mas não encontrava nada além da natureza exuberante.
Resolvi voltar para minha residência,com uma solidão apertando meu peito,em saber que não tinha ninguém a me esperar.Mais quando cheguei a um quarterão de minha casa,por coincidência ou mesmo destino,encontrei uma mulher na calçada,sozinha,carregando em seu ventre uma criança.Parei ao seu lado e ela olhou para mim com uma aparência triste e de indignação,ou até mesmo com uma raiva da vida que levava.Aproximei e perguntei o que fazia tão sozinha em um inverno tão rigoroso.Esperei uma resposta,mais ela nada me disse,só abaixou a cabeça pegando uma simples sacola velha ao lado.Fiquei confuso com tal atitude,mais algo me dizia que não deveria deixar partir,buscava naquela mulher uma resposta concreta.
Aproximei novamente e ela em seguida me olhou e falou com voz baixa e cansada que a vida já não fazia sentido algum. Meu peito apertou e após essas fortes palavras,peguei em seu braço e trouxe a minha casa.Certamente muitos vão achar que pirei,mais foi um gesto nobre que os humanos deveriam seguir..
Chegando em casa,ela nada falava.Ficou quieta e acariciando sua enorme barriga.Peguei um dos quadros e discretamente comecei a desenhá-la.Terminando a arte,fui pegar um leito morno para mim e para aquela mulher tão pálida.
Mas infelizmente,para minha surpresa,voltando a sala,encontrei-a sentindo muita dor,corri para seu lado,e ela pegando e minhas mãos quase sem força,me disse com os olhos lacremejando,que sabia que ia morrer,pois descobrira a poucos meses que estava com uma grave e incurável doença,mais a minha gratidão para com ela foi algo lindo e,fechando os olhos,falou que se chamava SIEN.
Nada pude fazer,além de beijar sua testa fria e ter naquele quadro,uma lembrança inesquecível de uma manhã de inverno.

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